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sexta-feira, 18 de dezembro de 2020

Zona relapsa















Final de semestre é sempre essa correria: procrastinação, ansiedade, prazos apertando e professores cheios de expectativas com as entregas. Tenho feito o meu migué. E por conta da pandemia, tudo está muito confuso. 

Me sinto numa zona relapsa. Meus amigos — tão exaustos quanto eu — mandam mensagens exaustivas e me obrigam a deixá-los sem respostas. Visualizo e não respondo, sem peso. O país se retroalimenta na tensão de 2020 e a pandemia ameaça uma segunda onda para nos atormentar. O número de mortos ultrapassa 180 mil e os professores mandam mensagens que me deixam fora do ar. Nada se encaixa. Não sei onde irei parar. Ou pirar. 

Na verdade, talvez eu já esteja pirado, em um lugar que não sei qual é. Estou fora de mim. Faço o EAD com barrinhas de vitamina C na mesa do computador e me esforço para não adormecer. 

A cabeça gira, o nariz escorre, a TV dá medo. Não sei o que fazer. Sento e espero o terror passar, respirando abafado, no quarto. A infecção psicológica sorri e acena.

O calendário traz notícias: natal já vem aí. O mundo vai celebrar o nascimento de Cristo em um ano mórbido, com milhares de vítimas fatais. E o coronavírus se anima, nas esquinas da avenida Sete, ansioso pelos compradores de panetones em pontos comerciais. O clima natalino chegará regado à muitas aglomerações, peito de peru com calda de laranja e superlotação das UTIs.

Espero que consigamos levar algo bom de 2020. Quero que tudo o que eu quero caiba no tempo que preciso. Quero saúde, curas, champanhes e dias melhores. E que o ano atual, mesmo aos quarenta e cinco do segundo tempo, surpreenda todos com um plot twist positivo para quem cultiva a fé e a esperança.

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